Espondilite Anquilosante
A espondilite anquilosante é uma doença autoimune que acomete as articulações, em especial as do esqueleto axial, principalmente a coluna e as articulações sacroilíacas (articulação entre a coluna e a bacia). É uma doença que acomete mais homens do que mulheres, e normalmente homens jovens, do final da adolescência até os 40 anos de idade.
O que é uma doença auto-imune?
O sistema imune (de defesa do nosso organismo) tem a capacidade de distinguir o próprio do não próprio, isto é, de tolerar os antígenos do próprio corpo (tolerância ao próprio) e responder apenas a antígenos estranhos, como bactérias, vírus, parasitas, células cancerígenas, entre outros.
Na doença autoimune, o sistema imune começa a reconhecer estruturas do organismo como estranhas e passa a atacar a si próprio. Dessa forma, ao invés das células imunes reagirem apenas contra os agentes nocivos, elas reagem contra estruturas do próprio corpo, produzindo os chamados autoanticorpos, por considerar os tecidos do próprio organismo elementos estranhos.
São exemplos de doenças auto-imunes:
- Espondilite anquilosante
- Artrite reumatóide
- Diabetes Melitus tipo I
- Lupus Eritematoso Sistêmico
Diagnóstico de Espondilite Anquilosante (EA)
O diagnóstico é realizado por meio do somatório de quadro clínico (sinais e sintomas, principalmente dores na coluna) + exames laboratoriais (marcadores inflamatórios – VHS e PCR, além do antígeno HLA-B27) + exames de imagem (demonstrando alterações nas articulações, em especial na sacro-ilíaca).
O HLA B27 é um antígeno muito importante no diagnóstico da espondilite anquilosante, pois 90% dos pacientes com a doença tem o antígeno positivo. Porém, ter o HLA B27 positivo, não significa ter a doença, já que apenas 2-5% da população que tem HLA b27 positivos, tem espondilite anquilosante.

O diagnóstico precoce é muito importante pois permite a instituição do tratamento da doença de base também precocemente, reduzindo dessa forma a chance de desenvolver a doença e de suas complicações graves.
Nos exames de imagem, principalmente no raio-X, na tomografia e na ressonância magnética, podemos encontrar uma alteração muito peculiar que é a coluna em bambu. Esse aspecto se dá pela ossificação do disco e das placas vertebrais e pelos osteófitos (bicos de papagaio) marginais ligando os ossos da coluna, nos casos mais avançados da doença.

Quais os sintomas da Espondilite Anquilosante?
Normalmente, a manifestação inicial da espondilite anquilosante é dor nas costas, principalmente na lombar que persiste por mais de 3 meses. Trata-se de uma dor lombar baixa que pode irradiar para as nádegas e que normalmente melhora com o movimento e piora no repouso. Além desses fatores, o paciente normalmente refere uma piora pela manhã ao acordar, caracterizando a rigidez matinal.
Com o avançar da doença, outros sintomas podem aparecer como rigidez e deformidade grave da coluna vertebral (principalmente cifose), além do acometimentos de outras articulações como joelho e quadris. Uma postura clássica desses pacientes com a doença avançada é a “postura do esquiador”, na qual evidenciamos uma flexão dos quadris e dos joelhos, perda da lordose lombar, além da cifose da coluna cervical e torácica.

Qual o tratamento da espondilite anquilosante?
A primeira consideração a ser feita é que por se tratar de uma auto-imune é de fundamental importância que o paciente se trate em conjunto com um reumatologista e não apenas com um ortopedista especialista em coluna.
Diversas medicações como anti-inflamatórios não hormonais, analgésicos e relaxantes musculares, são utilizadas para controle da dor de caráter inflamatório desencadeada pela espondilite anquilosante.
Além disso, medicações mais específicas, como as Drogas Antirreumáticas Modificadoras de Doença (DEMARD – Disease-modifying antirheumatic drugs) e os bloqueadores do TNF-alfa também são utilizados pelos reumatologistas visando não desenvolver espondilite anquilosante, isto é, retardar o avanço da doença.
Além do tratamento medicamentoso que é muito importante, vale ressaltar que devemos incentivar ao máximo o paciente praticar exercícios físicos para evitar dores e rigidez, além de manter hábitos saudáveis de alimentação.
O tratamento cirúrgico da coluna fica restrito às deformidades graves nas doenças avançadas, buscando um realinhamento do tronco.
A espondilite anquilosante tem cura?
A espondilite anquilosante pode ser tratada, mas não tem cura. Existem diversos mecanismos que podem aliviar as dores e sintomas para melhorar a qualidade de vida de quem tem a doença. É perfeitamente possível desempenhar tarefas diárias junto com uma rotina normal, inclusive com prática de atividade física, quando se tem uma consciência melhor da doença e uma aderência ao tratamento.
FAQ – Perguntas Frequentes
Espondilite anquilosante é uma doença auto-imune inflamatória que cursa com dores nas costas (região lombar e sacro-ilíaca)e que acomete mais homens jovens (20-40 anos).
Sim, a espondilite anquilosante (EA) não é contra-indicação ao trabalho. Muito pelo contrário, é recomendado que os portadores de EA sejam mais ativos, prevenindo dessa forma a rigidez e as deformidades decorrentes da doença.
O diagnóstico se dá com o somatório dos sintomas + exames laboratoriais de sangue + exames de imagem que sejam compatíveis com alterações da espondilite anquilosante.
O tratamento se dá com remédios para controle de dor como antinflamatórios e analgésicos e medicações para controle da doença de base. Além de fisioterapia e estímulo a uma vida ativa e saudável.
O CID da Espondilite Anquilosante é M45.
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Gostei bastante da matéria, bastante esclarecedora.
Olá Maria de Fátima. Como vai? Fico feliz que tenha gostado. Espero sempre conseguir ajudar os pacientes com informação de qualidade. Um abraço.